segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

1º Capítulo de "Noite Outra Vez

Um
Fogo e Trovões

Hoje é um dia muito importante para Robert. Pois é o seu décimo sexto aniversário, e um garoto só completa dezesseis anos uma vez na vida. Ele planejara com seus pais, uma pequena festa em sua casa. Não convidara muitas pessoas, apenas seus amigos mais próximos. Neste ano (para á felicidade de Robert) provavelmente não apareceriam seus parentes para a sua festa, pois ele, seus pais e sua irmã caçula Ana, tinham se mudado há pouco tempo para uma cidade bem distante de onde moravam seus familiares; e para a sorte de Robert, este ano não precisaria agüentar seus primos chatos, que viviam quebrando seus videogames e passando o aniversário inteiro na internet. Também não precisaria agüentar sua prima Waly de seis anos, que vivia correndo atrás de seu gato Mustafá; e deixava o pobre bichano tão assustado, que ele se enfiava atrás da máquina de levar e só saia depois que todos haviam ido embora. Mas a maior felicidade de Robert seria não ter que ficar com um sorriso estampado no rosto, enquanto servia seus tios; que além de não ajudarem em nada na festa, só comiam e bebiam, e em seguida iam embora.
Robert olhou em seu relógio digital no pulso. Marcavam 18h23min. Olhou para a mesa da cozinha, que estava coberta com uma toalha de mesa branca. Havia um bolo não muito grande de chocolate, e espalhado sobre á mesa, havia copos e brigadeiros. Uma nítida mesa de um aniversário; não muito grande, pois poucas pessoas iriam à festa; mas grande o bastante para todos que ali estiverem. Mas não havia balões, enfeites ou coisas do tipo; pois afinal era aniversário de um adolescente.
Por volta dás sete horas da noite, os amigos de Robert chegaram, todos juntos, no total de sete pessoas.
Robert cumprimentou todos; com apertos de mãos e leves tapinhas nas costas de seus amigos; e abraços em suas amigas; e recebeu muitos parabéns e felicidades. Em seguida Robert os guiou para o interior da casa.
Para a felicidade de Robert, todos os seus melhores amigos apareceram. Nem todos trouxeram presentes; mas Robert não ligava para essas coisas, e só de comemorar seu aniversário ao lado das pessoas de quem gostava já era o suficiente para ele. Mas como todo aniversariante que se preze; Robert também recebeu alguns presentes. De sua miga Bia, ele recebera um CD da banda Aerosmith (que era á banda preferida dele).
- Nossa! – exclamou Robert segurando o CD. – Eu estava atrás deste CD há um tempão, e não encontrava nunca. Muito obrigado – E em seguida abraçou sua amiga Bia.
- Eu rodei a cidade inteira atrás dele – falou ela ajeitando á franja de seu cabelo pretíssimo no rosto. - Como eu já sabia que você adora Aerosmith, não podia deixar de comprar ele pra você.
Em seguida veio seu amigo Renato; que lhe deu um jogo de computador novo. Recebeu também uma linda blusa de frio de sua amiga Barbara, e um tênis de camurça preto de André.
Depois de guardar seus presentes em seu quarto (com exceção do CD), Robert ficou conversando com seus amigos no quintal de sua casa – pois era bem espaço e bonito, com um gramado bem aparado, e havia uma bela churrasqueira á lenha, construída de tijolos. Ele colocara o CD do Aerosmith pra tocar em um Micro system posto sob uma mesa no quintal. Seu pai Roberto, ficava na churrasqueira tomando conta da carne, enquanto elas assavam, e sempre avivando o fogo, para mantê-lo sempre bem aquecido. Sua mãe, Patrícia estava na cozinha preparando Hot Dogs, enquanto Ana, sua irmã caçula importunava o gato Mustafá, que estava deitado sob uma cadeira na cozinha, e já demonstrava nervosismo, pois abanava o rabo lentamente. Robert sabia mais do que ninguém que quando um gato está abanando o rabo perto de alguém, é porque não está satisfeito com alguma coisa - como da vez que Robert pegou o gato cochilando em cima de sua cama, e em vez de tirar o bichano de lá, ficou dando petelecos com o dedo em sua orelha pontuda; quando o gato começara á abanar o rabo, mas Robert pesou que o bichano estivesse se divertindo; quando ele avançou com suas presas afiadas no rosto de Robert; que ficara com um belo arranhão na bochecha durante uma semana; e á partir daquele dia, nunca mais importunou o gato. Ele gostava de sua irmã; mas estava torcendo para Mustafá pular no rosto dela, pra quem sabe ela aprender á lição. Mas infelizmente o gato simplesmente saltou da cadeira e foi correndo em direção à sala, e Ana resolveu deixar o gato de lado; e foi importunar seu irmão.
- Que horas vai partir o bolo? – perguntou Ana se aproximando de Robert, que estava conversando com seus amigos.
Ela vestia um vestidinho rosa todo florido, e seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo.
- Mais tarde – respondeu Robert. – Nós ainda nem comemos nada, e você já ta querendo partir o bolo?
- Essa é sua irmãzinha? – interrompeu Bia abrindo um sorriso no rosto. Ana encarou a garota com um olhar sério. – Ela é uma gracinha.
- Gracinha, é? Quero ver você agüentar ela todo dia; dando-lhe tapas na cara em plena manhã. Ou te batendo quando você tentasse ajudá-la – falou Robert animado. – Ai sim, gostaria de ver você chamando-a de gracinha. Mas tirando isso até que ela é fofinha.
Ana pareceu corar.
- Estou brincando – falou Robert puxando sua irmã para próximo dele, e lhe dando um abraço de urso. Ana lhe mordeu á mão e saiu correndo em direção à cozinha. – Fica tranqüila – falou Robert para Bia. – Já estou acostumado em levar mordidas.

Uma hora havia se passado. Robert colocara pra tocar outro CD (desta vez da banda D12). Patrícia levara até uma mesa no quintal uma bandeja cheia de Hot Dogs; e Roberto da churrasqueira anunciou que o churrasco estava finalmente pronto. Todos se serviram, e se banquetearam; inclusive Ana que não era lá muito chegada em carne. A festa estava muito boa. Agora até os pais de Robert conversavam com os amigos dele; sentiam-se adolescentes outra vez. Robert enrubescera quando sua mãe contou á seus amigos como ele ficou uma gracinha vestido de caipira na primeira série.
- Mãe! – exclamou Robert.
- Vocês tinham que ver o Robert na banheirinha dele, quando ele tinha apenas dois meses de idade – falou o pai de Robert com um sorriso estampado na cara.
- Pai! – corou Robert. – Isso é coisa que se diga na frente de meus amigos? Vamos mudar de assunto, por favor. – Os amigos de Robert se seguravam para não rir; principalmente Bia, que já estava ficando vermelha.
- Tá bom gente. Vamos parar de brincar com ele e vamos para o que interessa – falou Patrícia. Ela se dirigiu até a cozinha, onde buscou o bolo de aniversário de Robert. Ela colocou cuidadosamente o bolo sob a mesa do quintal, pois a cozinha não era muito espaçosa, e não daria conta de abrigar todos ali presentes. Roberto desligou o Micro System (que tocava um RAP). Tirou toda a comida que haviam sobrado (que era bem pouca) da mesa e colocou às sobre outra mesa, no próprio quintal, e retornou até a mesa do bolo.
Robert não gostava de ser o centro da atenção. Por isso odiava ter que ficar no centro da mesa, sempre que as outras pessoas cantavam e batiam palmas para ele. No último aniversário, depois de uma discussão com um de seus primos (pois o garoto quebrara pela segunda vez o joystick de seu videogame) Robert arrumou uma desculpa, e se recusara a ficar na mesa, no horário dos “parabéns pra você”. E sua mãe simplesmente repartiu o bolo e distribuiu para os convidados. Mas hoje não havia primos chatos, nem tios bêbados, por isso não havia motivos para se envergonhar.
Todos se dirigiram para a mesa. Robert ficou no centro, do seu lado estava sua irmãzinha Ana - que Robert convidara pra ficar do seu lado, e por incrível que pareça ela aceitara. Á frente de Robert encontravam-se seus pais e seus amigos. Patrícia acendeu a vela com um fósforo, e uma pequena chama começou a bruxulear no centro do bolo. Todos começaram á cantar e bater palmas, em uma mesma sincronia. Robert estava muito feliz naquele momento, de ter seus melhores amigos e sua família reunidos em um único lugar.
Quando acabaram de cantar e bater palmas, Robert debruçou-se sobre a mesa e assoprou á vela, que se apagou num instante.
- Discurso! Discurso! – gritaram seus amigos, todos juntos. – Discurso! Discurso! – mas nesse momento tudo ficou escuro.
Tudo ficou numa completa escuridão. Não se via nada; nem mesmo um palmo á frente. As luzes no interior da casa também se apagaram. Também não se via mais luzes na rua.
- Tinha que ter um blecaute agora? – exclamou Roberto. – Vou ver se acho algumas velas. – e tateando com ás mãos encontrou a caixa de fósforos que estava sob á mesa, e acendeu novamente á própria vela do bolo; e uma pequena luz se rompeu sob a o local. – Bom, já é alguma coisa. Fiquem aqui enquanto eu vou buscar mais velas.
Mas o que Roberto não sabia, ou não se lembrara no momento, era que hoje em dia todos os adolescentes carregam com eles celulares que possuem câmeras, e poderiam usar o flash para clarear parcialmente o local. E assim eles fizeram. Todos os sete adolescentes pegaram de seus bolsos (ou bolsas) seus celulares, e ligaram o flash das câmeras, e o quintal ficou parcialmente clareado; permitindo-os caminharem e enxergaram onde a luz do flash alcançava.
Ana correra assustada para junto da mãe, que lhe confortou dizendo que estava tudo bem. Em seguida Roberto retornou ao quintal carregando uma caixa de velas.
- Pelo visto vocês não precisam de velas não é mesmo? – falou em tom irônico, olhando para ás mãos dos adolescentes, que iluminavam o quintal com seus celulares.
- Claro que precisamos. Ou você se esqueceu que as baterias dos celulares não duram para sempre? – respondeu Robert, que também ajudava á iluminar o local com seu celular. – O que vamos fazer agora?
- Vamos entrar. Está muito abafado aqui fora – falou Patrícia, que estava abraçando Ana. – Vamos esperar á luz retornar lá na sala.
-E vamos deixar toda essa comida aqui fora? – perguntou Roberto.
- Qual é o problema? – respondeu Patrícia. – Quando á luz retornar nós guardamos elas.
E assim todos eles se dirigiram para á sala; com Ana reclamando que não havia nem experimentado o bolo.
A sala era bastante ampla e confortável; com vários móveis lustrados. Uma mesinha baixa ocupava o centro da sala, rodeada por dois grandes sofás circulares, e uma enorme TV de plasma pendurada na parede deixava o ambiente ainda mais bonito. Havia também inúmeros quadros e obras de arte espalhadas por todo o local. Os amigos de Robert se espremeram em um sofá circular excepcionalmente grande, e Robert, seus pais e sua irmã sentaram-se em outro.
Agora ás luzes de duas velas acessa postas sob á mesa de centro, e mais oito flashes ligados não davam conta de iluminar completamente o local. As velas lançavam sombras assustadoras nas paredes, deixando a pobre Ana completamente assustada e encolhida, quase escalando o colo da mãe.
- Falei pra você mandar construir uma lareira aqui na sala – resmungou Patrícia ao marido. – Agora teríamos muito mais claridade.
- Coloque uma lareira na lista de “necessidade”; junto com lanternas e um gerador – falou Roberto.
- Que saco – reclamou Robert. – Logo agora tinha que acontecer isso! Não podia esperar mais um pouco?
- Vou ligar pro meu pai, pra saber se acabou á luz na minha casa também – falou Bia discando um número no seu celular.
Passados alguns segundos ela informou que ninguém atendia ao chamado, e começou á ficar preocupada. Barbara e André também resolveram ligar para seus pais; porém não havia mais sinal telefônico.
Passados quase uma hora depois, todos já estavam completamente entediados. Outros amigos de Robert também tentaram fazer contato com seus familiares, porém não conseguiram. Quando o problema não era á falta de sinal, e conseguia fazer as ligações, os seus familiares simplesmente não atendiam.
Passada mais meia hora, as baterias dos celulares já haviam se esgotadas, deixando á sala ainda mais escura e sombria, apenas com á luminosidade de quatro velas acessas (Roberto havia acendido mais duas velas).
- Achou que vou embora – falou André se remexendo do sofá. – Já está ficando tarde, e estou começando á ficar preocupado.
- Você vai sair nessa escuridão toda? – indagou Bia ao amigo. – Não deve ser possível enxergar nada lá fora.
- Ela tem razão – falou Patrícia. – É melhor esperar mais um pouco aqui dentro. As ruas nessas horas ficam muito perigosas; por causa desses vândalos e encrenqueiros.
- Tá certo. Vou aguardar mais um pouco – falou André.
- Eu não agüento mais ficar sentado aqui, sem fazer nada – exclamou Robert. – Vou até a cozinha beber um pouco de água, e esticar as pernas.
Robert levantou-se com o corpo dolorido de tanto ficar sentado sem fazer nada, e foi até a cozinha, levando com sigo uma dás velas acessas. A cozinha estava completamente escura, e foi iluminada pela tênue claridade que lançava á chama da vela que carregava Robert. Da porta da cozinha escancarada Robert avistou o quintal completamente esquecido na escuridão da noite. Nem mesmo a luz do luar parecia dar conta de iluminar o espaço aberto do quintal. Robert colocou o simples castiçal baixo onde levava a vela sob á mesa da cozinha, e foi até o armário dos copos, onde abriu a pequena porta e tirou um copo de vidro; em seguida abriu á porta da geladeira e tirou uma garrafa d’água. E quando estava enchendo o copo de água seu coração quase saltou pela boca. Ele largou a garrafa e o copo em cima da mesa, e saiu em disparada pela porta da cozinha. Chegando ao quintal ele não conseguiu acreditar no que estava vendo. O céu noturno que antes fora completamente negro, agora estava tomado por um vermelho intenso da cor do fogo. Parecia que o sol havia nascido mais cedo, pois de repente ficara tudo completamente claro. Um carro passou em disparada pela rua. Sirenes começaram á soar por toda à volta. Raios começaram á castigar o céu. Clarões e estampidos soavam por todo lado. Robert perdera á noção do tempo. Para ele parecia ter passados minutos, mas caiu em si quando uma mão lhe agarrou, mas para sua sorte era sua mãe, que lhe puxava para dentro de casa, e quando percebeu já estava na sala. Seus amigos estavam todos de pé e com feições assustadas. Seu pai não estava presente no local; sua irmã estava chorando debruçada sobre uma almofada no sofá
- O que é isso?! – perguntou Robert desnorteado.
- Não tenho a mínima idéia – respondeu seu amigo Gabriel, com o rosto em pânico.
- Parece, parece... – tentou dizer Bia. Lágrimas escorriam em seu rosto. – Parece que o céu está em chamas!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Prólogo de "Noite Outra Vez"

Prólogo
Klym, o rei do norte de Codex olhava para o desértico campo de batalha, onde outrora ele havia reinado. Restavam apenas cinzas de seus irmãos, mortos pela chama e fúria do inimigo, e corpos de criaturas que ele e sua família haviam abatido na batalha. Sábia que não havia mais esperança em Codex. Não restavam mais que mil filhos de Ámor/Mel. E o inimigo, que antes fora praticamente seu irmão, agora jogava toda sua raiva e poderio contra ele e sua casa. Para Klym tudo parecia resolvido. Já havia entrado em acordo com os filhos de Bor/Imena; e até um tempo atrás tudo parecia em paz. Mas Klym subestimou demais as forças deles; que surgiram ainda mais poderosos, e com aliados que ele nem sabia de suas existências. Mas Codex era grande e escondia muitas armadilhas.
O rei estava tão distraído olhando os corpos de algumas das criaturas, e se perguntando da onde elas haviam surgido, que nem percebeu a chegada de seu general. Ele brandia uma enorme lança que refulgia uma luz intensa, e clareava parcialmente o solo desértico recoberto por pouca vegetação. Suas asas estavam fechadas sob suas costas largas, típicas de um guerreiro; vestia uma túnica marrom feita de tecidos especiais, capaz de suportar o poder da chama das espadas que brandiam os filhos de Bor/Imena.
- Senhor, o Edelet já está sob nossas guardas. Podemos partir quando o Senhor desejar.
- Olhe só para isso – falou Klym remexendo com o pé direito, o corpo de uma das criaturas mortas. Parecia falar com sigo mesmo. – O que será que anda pelas terras dos filhos de Bor/Imena para eles recrutarem essas coisas para seu exército?
A criatura tinha pelo menos três metros de altura; olhos mais negros que um poço sem fim. Sua pele era quente como uma brasa recém apagada, e no lugar de patas havia cascos bifurcados. O seu peitoral exibia um longo corte onde jorrava sangue negro, feito pela lança de um dos filhos de Ámor/Mel.
Klym deixou a atenção da criatura de lado, e virou-se para encarar o general de suas tropas.
- Como eu ia dizendo Senhor, o Edelet já está sob nossas guardas. Podemos partir a hora que o Senhor desejar – falou o general.
- Alguém se perdeu ou caiu na busca pelo Edelet? – indagou Klym ao general.
- Não Senhor. Apenas um de nossos soldados foi ferido por um Uant. Mas ele já passa bem.
- Até que foi fácil. Pensei que seria mais difícil tirar um objeto desses dás mãos de um espírito da natureza – respondeu Klym com ar sério. – Então acho que já podemos ir.
Klym deu mais uma olhada em toda à sua volta. Com o rosto triste ele mirou mais uma vez para o que já fora o seu palácio e casa de sua família; mas que agora estava em completa ruína. Ele estava deixando pra trás toda uma vida, que já fora alegre e feliz; e agora estava sucumbida em destroços e fracassos. Não da parte dele, mas da parte daquele que um dia jantou e festejou em seu palácio. Aquele que jurara dividir com ele todas suas riquezas deixadas pelos seus pais; os criadores de Codex. Mas por ganância resolveu destruir toda uma história.
- Falo agora como um amigo de muitos anos juntos, não como um general de seu exército Senhor – falou o general, pondo-se à frente de Klym. -Você sabe que se removermos o Edelet de Codex, todo o planeta vai se acabar, não sabe?
- Meu caro e velho amigo Bout. Sim, eu sei disso; mas nós não temos outra escolha, se não esta. Eu sei que é trágico, mas é o único jeito de acabar com a fúria dos filhos de Bor/Imena – falou Klym colocando às mãos no ombro do general.
- Quando eles descobrirem será que virão atrás de nós? - perguntou o general apertando ainda mais sua lança nas mãos.
- Não sei lhe dizer meu caro amigo. Não sei lhe dizer também quanto tempo vai demorar para eles perceberem que Codex está se esfarelando; nem se eles ainda vão estar vivos quando o planeta não passar mais de uma sombra no espaço. Mas se de alguma forma eles sobreviverem até lá; e ainda, que por algum milagre eles venham atrás dos filhos de Ámor/Mel, seja onde estivermos nós vamos fazer o que sempre fizemos. Vamos Lutar.
E assim Klym e o general deram às costas ao campo de batalha. Á frente deles se encontrava cerca de mil homens e mulheres, todos adultos, pois os filhos de Ámor/Mel não se acasalavam mais. De acordo com o rei Klym, crianças não seriam mais felizes em Codex, como já foram outrora; por isso eles nunca mais tiveram filhos, para evitar o sofrimento e a discórdia; pois o que enfrentavam neste momento, nem os adultos conseguiam suportar.
- Todos prontos para uma nova casa? – gritou Klym, agora brandindo sua lança colossal, que brilhava feito um raio de sol, mas que não afetava os filhos de Ámor/Mel, pois elas eram forjadas especialmente para decapitar os filhos de Bor/Imena.
Ouviu-se um imenso rugido, que veio em resposta da família ao rei.
Agora todos os filhos de Ámor/Mel brandiam suas lanças, fazendo com que o crepúsculo do entardecer fosse tomado por uma imensa luz branca que vinham de suas lanças. Todos vestidos - com exceção de Klym e de Bout - túnicas brancas que iam dos ombros até os pés, e tinham aberturas posteriores para as suas imensas asas brancas.
- Chegou à hora de deixarmos o que já fora nossas casas por muitos anos. Não sabemos o que nos espera daqui pra frente, más como sempre, vamos lutar e nunca nos redimir aos crápulas dos filhos de Bor/Imena, e a qualquer um que ameace nossa família. E que nossa próxima casa, seja tão boa quanto esta já foi um dia – gritou Klym ao seu povo, e em resposta todos eles gritaram e brandiram suas lanças. Suas asas estavam totalmente abertas agora num ângulo perfeito.
E assim os quase mil filhos de Ámor/Mel levantaram vôo, batendo suas imensas asas. Em questão de segundos já estavam bem acima do solo.
- Onde é mesmo que deveremos ir meu caro amigo Bout? – perguntou Klym voando ao lado de seu general, guiando sua família.
- Senhor. Viajei há algum tempo atrás, até o planeta onde vamos ficar, e retornei ontem. Eu estudei a geografia do planeta, e seus habitantes. E pelo que percebi, eles não são muito diferentes de nós; mas o mais estranho é que eles não possuem asas...
- Pule essa parte de detalhes e passe para a parte importante meu amigo – interrompeu Klym.
- Desculpe Senhor. Bom eu aprendi a língua deles, e posso lhe ensinar no caminho de lá. Bom eles parecem ser pacíficos. Só não mostre suas asas para eles, pois um deles me viu quando eu estava pousando em cima de uma casa, e ele saiu correndo. Acho que ele se assustou. E já estava me esquecendo. Eles chamam o planeta deles de Terra.

Sinopse de "Noite outra Vez"

Noite outra vez. Robert está em sua casa com seus amigos. Era para ser uma noite de diversão e alegria, pois ele havia convidado seus melhores amigos para celebrar seu décimo sexto aniversário, ao lado também de seus pais e sua irmã caçula. Até que uma queda de energia estraga tudo. Robert, sua família e seus amigos sem ter muito que fazer, resolvem acender velas e esperar a luz retornar. Mas nesse tempo de espera angustiante, coisas sem explicações começam acontecer. Do quintal de sua casa ele nota que o céu noturno que antes fora completamente negro, agora está tomado por um vermelho intenso da cor do fogo, e raios parecem castigar a cidade inteira, fazendo com que as velas não fossem mais necessárias. Sirenes são ouvidas a distância. Mas tudo foge completamente do normal quando Robert avista um homem desconhecido, pairando sobre o muro de sua casa. Ele podia jurar que o sujeito continha imensas asas negras, e brandia uma enorme espada flamejada de fogo.