sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Prólogo de "Noite Outra Vez"

Prólogo
Klym, o rei do norte de Codex olhava para o desértico campo de batalha, onde outrora ele havia reinado. Restavam apenas cinzas de seus irmãos, mortos pela chama e fúria do inimigo, e corpos de criaturas que ele e sua família haviam abatido na batalha. Sábia que não havia mais esperança em Codex. Não restavam mais que mil filhos de Ámor/Mel. E o inimigo, que antes fora praticamente seu irmão, agora jogava toda sua raiva e poderio contra ele e sua casa. Para Klym tudo parecia resolvido. Já havia entrado em acordo com os filhos de Bor/Imena; e até um tempo atrás tudo parecia em paz. Mas Klym subestimou demais as forças deles; que surgiram ainda mais poderosos, e com aliados que ele nem sabia de suas existências. Mas Codex era grande e escondia muitas armadilhas.
O rei estava tão distraído olhando os corpos de algumas das criaturas, e se perguntando da onde elas haviam surgido, que nem percebeu a chegada de seu general. Ele brandia uma enorme lança que refulgia uma luz intensa, e clareava parcialmente o solo desértico recoberto por pouca vegetação. Suas asas estavam fechadas sob suas costas largas, típicas de um guerreiro; vestia uma túnica marrom feita de tecidos especiais, capaz de suportar o poder da chama das espadas que brandiam os filhos de Bor/Imena.
- Senhor, o Edelet já está sob nossas guardas. Podemos partir quando o Senhor desejar.
- Olhe só para isso – falou Klym remexendo com o pé direito, o corpo de uma das criaturas mortas. Parecia falar com sigo mesmo. – O que será que anda pelas terras dos filhos de Bor/Imena para eles recrutarem essas coisas para seu exército?
A criatura tinha pelo menos três metros de altura; olhos mais negros que um poço sem fim. Sua pele era quente como uma brasa recém apagada, e no lugar de patas havia cascos bifurcados. O seu peitoral exibia um longo corte onde jorrava sangue negro, feito pela lança de um dos filhos de Ámor/Mel.
Klym deixou a atenção da criatura de lado, e virou-se para encarar o general de suas tropas.
- Como eu ia dizendo Senhor, o Edelet já está sob nossas guardas. Podemos partir a hora que o Senhor desejar – falou o general.
- Alguém se perdeu ou caiu na busca pelo Edelet? – indagou Klym ao general.
- Não Senhor. Apenas um de nossos soldados foi ferido por um Uant. Mas ele já passa bem.
- Até que foi fácil. Pensei que seria mais difícil tirar um objeto desses dás mãos de um espírito da natureza – respondeu Klym com ar sério. – Então acho que já podemos ir.
Klym deu mais uma olhada em toda à sua volta. Com o rosto triste ele mirou mais uma vez para o que já fora o seu palácio e casa de sua família; mas que agora estava em completa ruína. Ele estava deixando pra trás toda uma vida, que já fora alegre e feliz; e agora estava sucumbida em destroços e fracassos. Não da parte dele, mas da parte daquele que um dia jantou e festejou em seu palácio. Aquele que jurara dividir com ele todas suas riquezas deixadas pelos seus pais; os criadores de Codex. Mas por ganância resolveu destruir toda uma história.
- Falo agora como um amigo de muitos anos juntos, não como um general de seu exército Senhor – falou o general, pondo-se à frente de Klym. -Você sabe que se removermos o Edelet de Codex, todo o planeta vai se acabar, não sabe?
- Meu caro e velho amigo Bout. Sim, eu sei disso; mas nós não temos outra escolha, se não esta. Eu sei que é trágico, mas é o único jeito de acabar com a fúria dos filhos de Bor/Imena – falou Klym colocando às mãos no ombro do general.
- Quando eles descobrirem será que virão atrás de nós? - perguntou o general apertando ainda mais sua lança nas mãos.
- Não sei lhe dizer meu caro amigo. Não sei lhe dizer também quanto tempo vai demorar para eles perceberem que Codex está se esfarelando; nem se eles ainda vão estar vivos quando o planeta não passar mais de uma sombra no espaço. Mas se de alguma forma eles sobreviverem até lá; e ainda, que por algum milagre eles venham atrás dos filhos de Ámor/Mel, seja onde estivermos nós vamos fazer o que sempre fizemos. Vamos Lutar.
E assim Klym e o general deram às costas ao campo de batalha. Á frente deles se encontrava cerca de mil homens e mulheres, todos adultos, pois os filhos de Ámor/Mel não se acasalavam mais. De acordo com o rei Klym, crianças não seriam mais felizes em Codex, como já foram outrora; por isso eles nunca mais tiveram filhos, para evitar o sofrimento e a discórdia; pois o que enfrentavam neste momento, nem os adultos conseguiam suportar.
- Todos prontos para uma nova casa? – gritou Klym, agora brandindo sua lança colossal, que brilhava feito um raio de sol, mas que não afetava os filhos de Ámor/Mel, pois elas eram forjadas especialmente para decapitar os filhos de Bor/Imena.
Ouviu-se um imenso rugido, que veio em resposta da família ao rei.
Agora todos os filhos de Ámor/Mel brandiam suas lanças, fazendo com que o crepúsculo do entardecer fosse tomado por uma imensa luz branca que vinham de suas lanças. Todos vestidos - com exceção de Klym e de Bout - túnicas brancas que iam dos ombros até os pés, e tinham aberturas posteriores para as suas imensas asas brancas.
- Chegou à hora de deixarmos o que já fora nossas casas por muitos anos. Não sabemos o que nos espera daqui pra frente, más como sempre, vamos lutar e nunca nos redimir aos crápulas dos filhos de Bor/Imena, e a qualquer um que ameace nossa família. E que nossa próxima casa, seja tão boa quanto esta já foi um dia – gritou Klym ao seu povo, e em resposta todos eles gritaram e brandiram suas lanças. Suas asas estavam totalmente abertas agora num ângulo perfeito.
E assim os quase mil filhos de Ámor/Mel levantaram vôo, batendo suas imensas asas. Em questão de segundos já estavam bem acima do solo.
- Onde é mesmo que deveremos ir meu caro amigo Bout? – perguntou Klym voando ao lado de seu general, guiando sua família.
- Senhor. Viajei há algum tempo atrás, até o planeta onde vamos ficar, e retornei ontem. Eu estudei a geografia do planeta, e seus habitantes. E pelo que percebi, eles não são muito diferentes de nós; mas o mais estranho é que eles não possuem asas...
- Pule essa parte de detalhes e passe para a parte importante meu amigo – interrompeu Klym.
- Desculpe Senhor. Bom eu aprendi a língua deles, e posso lhe ensinar no caminho de lá. Bom eles parecem ser pacíficos. Só não mostre suas asas para eles, pois um deles me viu quando eu estava pousando em cima de uma casa, e ele saiu correndo. Acho que ele se assustou. E já estava me esquecendo. Eles chamam o planeta deles de Terra.

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